29.9.06























Faulkner

Princípio de vida...

“Amava e destruía o amor; membro dum grupo literário avançado, deixara-o e ficara só; deslumbrado por um clarão de fé, mergulhara de novo na escuridão da descrença; em vésperas de partida para a vida prática, andava atormentado.
- Feitio excomungado, o teu! Ou te modificas, ou estás desgraçado...
- Mudar, eu?
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Tinha a impressão de que os anos iam enrijando certas regiões do meu carácter. Era uma espécie de dureza progressiva, contra a qual todos os guilhos da ambiguidade, do convencionalismo, dos interesses e da conivência se quebravam. Esse monolitismo tornava cada vez mais difícil um dia a dia em que os passos bem sucedidos pressupunham maleabilidade, brandura, adaptação. Mas, embora visse claramente as vantagens de ser doutra maneira, sabia que estava condenado a pagar à vida o duro tributo da sinceridade. Nascera inteiriço, continuaria inteiriço, fossem quais fossem as consequências.”
Miguel Torga

O outro lado do Mundo....

Para que uma mulher no Paquistão possa conduzir com sucesso uma queixa de violação, é exigível que 4 homens sejam testemunhas do acto. Por outras palavras, a mulher terá de ser violada por 4 homens que depois endoidecem e confessam; ou por, pelo menos, 5 homens, 4 dos quais se zangam com o quinto e ajudam a vítima, a troco do silêncio, a culpabilizar o quinto elemento, ou o fazem a troco de dinheiro pago pela família da vítima - a modos que gigolos com cheiro acre medieval.
Infere-se asim que ser vítima de violação no Paquistão por um, dois ou três ou mesmo quatro homens é uma desgraça maior para qualquer mulher, do que ser vítima de violação por cinco, seis, sete e por aí fora.
Esta será, certamente e fora de discussão, a razão pela qual o apelido porque são tratados é o da mãe - como saber quem é o pai em tais situações ?
É que, caso a vítima acuse um homem ou conjunto de homens de violação e não tenha as referidas quatro testemunhas (homens) é acusada de mau comportamento moral, de adultério, incorrendo em pena de prisão.
É este o maravilhoso mundo árabe que tantos se afadigam em defender.

Que me desculpem, mas de Espanha nem bom vento, nem bom casamento.....

No debate de 2 feira passada no Prós e Contras, ficou claro que J. M. Aznar fez o seu papel, Manuel Dias Loureiro também e o Prof. Ernani Lopes, afastado há muitos anos da vida política activa, com o distanciamento saudável que o referido afastamento permite, deu-nos uma visão realista e, acima de tudo qualificada, dos perigos próximos que a economia e as empresas portuguesas enfrentam, por incapacidade de consolidação das suas posições económicas nos últimos trinta anos.
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Na realidade, a enorme diferença na capacidade de capitalização das empresas portuguesas, face às congéneres espanholas, coloca-as numa situação de perigo iminente consubstanciada na fragilidade dos recursos financeiros e na decorrente fraca capacidade de alavancagem dos seus negócios.
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Aliar com Espanha (leia-se empresas espanholas) é correr para o abismo, sendo excepções as cimenteiras (cartelizadas) e a indústria de papel (cartelizada), bem como, de alguma forma, os aglomerados de madeira (embora neste caso exista dificuldade idêntica no resto do mundo, onde a dimensão portuguesa é insignificante, quer ao nível dos recursos financeiros, quer da dimensão dos meios de produção.
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Para os petróleos, leia-se Galp, o caminho passa, forçosamente, pela capacidade de arregimentar um pacto estratégico com a Petrobras, única solução para aumentar a sua capacidade exploratória de actuais e novos blocos, usando como factor determinante, o dote constituído pela facilidade de penetração na África portuguesa, pelo razão de ser membro da UE e pelo reconhecido know-how técnico e de gestãoque possui.
Já a EDP terá de sustentar as suas políticas numa manutenção férrea da sua independência, até ao dia em que, impelida pela política geral económica europeia, se constituam as futuras 4 ou 5 grandes famílias energéticas europeias, situação na qual muito dificilmente deixará de pertencer ao grande grupo Ibérico que virá a ser constituído.
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Para todos so restantes sectores económicos relevantes o futuro será a strategie du poisson. Ou seja, os grandes comem os pequenos; por outras palavras, as OPAS vão estar na ordem do dia e não se espere que sejam as empresas portuguesas a ficar por cima: não existe massa crítica para intentar qualquer acção; existe muita fragilidade para que se tornem apetecíveis ao exterior, leia-se Espanha. Porquê o interesse espanhol ? Porque Portugal e Espanha, em conjunto, significam um mercado superior ao francês e, na lógica da dimensão dos mercados, este é um dado fundamental.
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Não existe solução ?
Uma solução exacta não existe, mas pode-se falar de aproximações à solução, capazes de melhorar e dimiuir, fortemente, a tendência actual. O problema é a crescente falta de tempo.
Os parceirso indicados para as empresas portuguesas na sua estratégia de internacionalização são, preferencialmente, parceiros financeiros, quaisquer que sejam, tenham a origem que tiverem. Estes parceiros não têm know-how, não pretendem implementar ou lutar por modelos de gestão, preocupando-se, essencialmente, com os resultados. A dimensão é um óbice, neste caso, porque o parceiro financeiro só estará disponível até um certo ponto de envolvimento, mas aí terá de entrar a capacidade de montagem de operações com vários agentes, em simultâneo ou temporalmente desfasados. Desta política faz parte, igualmente, a capacidade de alienar activos hipervalorizados para enfrentar novos desafios, com amior capacidade de alavancagem financeira e tecnológica, garantindo as parcerias financeiras, sempre acompanhadas de parceiros locais.
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Posto isto, fica claro que o mercado europeu é para esuqecder, por parte das empresas portuguesas. O esforço de investimento é incomportável, face às expectativas temporais de retorno do investimento efectuado.
Assim, há que olhar o Atlantico como ponto de partida para a escolha dos mercados a operar, não significando este olhar, um prender da retina exclusivamente em África e no Brasil, mercados apetecíveis mas perigosos, cada um à sua maneira.
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Sendo assim, o prof. Ernani Lopes tinha razão quando afirmava que fazer parcerias com empresas espanholas para explorar territórios de língua portuguesa é, garantidamente, muito bem visto e apreciado pelas empresas espanholas.

21.9.06

Esta noite na SIC NOTÍCIAS....

O apresentador e 4 representantes do Compromisso Portugal. Intenção: debater e explicar as propostas saídas do segundo encontro do movimento.
Para além do referido apresentador estavam em estúdio um advogado, um administrador do BES, o presidente do BES Investimentos e o presidente da Vodafone Portugal. Quatro ilustres representantes do sector terciário da economia, aquele onde se geram as mais-valias.
Onde estavam representantes do sector primário e secundário ? Onde estavam os representantes dos sectores onde é gerado o valor acrescentado da economia, ou por outras palavras, onde é gerada a sua verdadeira riqueza ?
E o presidente do BES Investimentos afirmava que o País tem conhecido uma espiral de empobrecimento nos últimos anos. Nem poderia ser de outra forma.
Se só os serviços marcam presença na nossa economia ( o sector primário morreu há muito e o secundário está moribundo), sendo estes por definição razão directa da libertação de meios humanos e materiais da agricultura e da indústria (os tais primário e secundário, respectivamente) não é de estranhar que o País definhe.
Um exemplo ? Milhões de telemóveis em Portugal ( a maior taxa de utilização na Europa), com média superior a um telemóvel por cidadão nacional e a eterna questão: como é que se paga ? Com que fundos ?

Sempre a asneirar....num compromisso pessoal

De vez em quando, é preciso dizê-lo, as amarras ideológicas de que padece o socialismo e os partidos que assim se nomeiam, tornam-se instrumentos positivos na sempre difícil relação economia/social.
A proposta do Compromisso Portugal de reformar ou despedir, compulsivamente, 200.000 funcionários públicos só é possível por parte de quem pensa no seu umbigo e nos seus interesses, falando de barriga cheia, depois de realizarem proveitos ao longo dos anos que ainda há pouco tempo, se lhes dissessem, lhes pareceria mentira, sonho irrealizável.
Despedir 200.000 almas é condená-las, sem apelo nem agravo, a uma miséria garantida e a curto prazo. Mas os portugueses há muito que deixaram de contar para o poder que se instalou na esfera económica (alguma, muita, que não toda) e na esfera política (principalmente numa determinada corrente monetarista que tem feito escola no PSD).
Assim, embora tudo o que o PS faça fuja à lógica da razão, sempre existe a excepção que confirma aquela regra.
Existe um compromisso, de facto, mas não é com Portugal: é um compromisso pessoal.
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20.9.06

O branqueamento político de um político reformado...

O que terá dado a Fátima Campos Ferreira para branquear um "morto" político no seu programa Prós e Contras ?
O que terá dado a Pacheco Pereira para aceitar afrontar um "morto" político, em directo e na televisão ? Necessidade de protagonismo ? Sentir-se morto políticamente e apanhar a boleia ? A boleia de um "morto" ? Não faz sentido. Révanche ? Não acredito....
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Mas atenção: o político "morto" já não aguenta uma campanha de meses mas está para lavar e durar num programa de horas. E Pacheco Pereira que o diga, ciente que ficou dessa realidade.
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Só não percebo a Fátima. Já sabia que o "morto" era capaz de aguentar umas horas, para mais perante um erudito de tertúlia (nada desprestigiante, bem pelo contrário).
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Assim nunca mais se faz história. Ou melhor, faz-se, mas só noutras condições....

Hoje basta um F

Primeiro os jogos de futebol, em crescendo de transmissões televisivas. Depois o Apito Dourado e, por fim, o caso Mateus.
Ou como o futebol tem servido nos últimos anos para desviar as atenções do que é verdadeiramente importante.

Fraco Compromisso com Portugal

O Compromisso Portugal é um embuste: porque está cheio de empresários que não são empreendedores; de empresários que já o foram e já não o são; de oportunistas políticos, económicos e fracos gestores; porque a maioria dos seus membros vive directa e exclusivamente de vencimentos e participação nos resultados das empresas onde desempenham funções, tendo em vista o lucro como fim único e não como a remuneração justa do risco do capital investido.
Porque o capital não lhes pertence; porque fazem parte de uma geração de gestores que está a chegar ao fim, nos pressupostos de funcionamento institucional formal e informal (vidé caso dos EUA, onde o modelo está em transformação).
Porque não entendem que o lucro, sendo remuneração, só é aceitável até certo ponto; que ultrapassado esse ponto de remuneração (maior ou menor consoante o risco de capital investido e a necessidade de investimento intensivo, dando-se dois exemplos para simplificar a compreensão e alcance do que se afirma, entre muitos outros possíveis) o capital terá de ter, forçosamente, uma função social.
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Afirma agora o denominado Compromisso Portugal que o Estado deverá diminuir a sua intervenção na economia, propondo a privatização de uma série de serviços e indústrias que, tradicionalmente, terão de ter, sempre, uma parte importante de controlo por parte do Estado.
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Porque o Estado somos todos nós; porque os transportes públicos, como outros serviços de interesse público, não podem existir numa óptica pura e dura de obtenção de lucros; porque a energia é vital e deverá ter sempre a possibilidade de ser controlada, em parte, por todos nós - o Estado.
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O Compromisso Portugal aproveita a hora para fazer valer os mesmos argumentos que são utilizados para fechar maternidades e escolas: a redução de custos do Estado. O Estado está a errar nestes pressupostos, desvalorizando o interior e contribuindo para uma ainda maior desertificação do País.
O Compromisso Portugal, ao fazê-lo, está a prestar um mau serviço ao País e mostra, claramente que o compromisso, a existir, é com o capital e os que dão a cara por este movimento e, nunca, com Portugal.

18.9.06



















Neil Faulkner Posted by Picasa

A INÚTIL DISCUSSÃO QUE SÓ DIVIDE E ENFRAQUECE....

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Para o Islão, a norma não faz sentido. Não existe uma sociedade suficientemnete organizada no presente e com futuro visível que justifique um sistema normativo elaborado. No Islão respeita-se e vive-se para o dogma. Só este justifica as vicissitudes de uma vida difícil; só o dogma serve de base e sustentáculo à estrita observância da sobrevivência diária.
A razão da vida tem um único propósito: servir o Profeta.
Acaso se as leis de Deus permitissem o auto-sacrifício, algum de nós estaria disposto a cumpri-lo se o mesmo não se encontrasse regulado por um conjunto de normas, usos e costumes ?
A resposta clara é Não!
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Então o que dizer da intervenção de Bento XVI, senão que constata o óbvio ?
Houve tempos em que os católicos, em nome da sua fé fizeram a guerra aos infiéis, leia-se os árabes. Nesse tempo as razões que inquietaram os espíritos ocidentais cultos e instruídos foi a facilçidade com que a palavra do profeta incitava à morte, ao ódio, em total discordância com a doutrina cristã.
Hoje essa discordância acentuou-se, porque não só se assiste a um recrudescimento do dogmatismo religioso nos países árabes, como pelo lado ocidental, se processou um arrefecimento das convicções religiosas ao longo dos últimos 3 séculos.
A unidade é necessária, agora mais do que nunca - o Irão não parou o seu programa nuclear e isto começa a asemelhar-se, para pior, com a invasão da Checoslováquia e a passividade europeia de então - para colocar um travão no crescimento exacerbado da utilização da religião, no recrutamento de um número cada vez maior de seguidores capazes de empreender o que para eles significa, de facto, uma guerra santa.
Bento XVI, em última instância, quis-nos dizer: evitem atropelos, evitem confrontos mas mantenham-se unidos.
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Na realidade de pouco valerá a uns quantos iluminados auto-designarem-se de laicos: para o mundo islâmico não são devotos a Maomé, então são infiéis.
E depois esta discussão não difere em nada dos famosos cartoons, ou como diria um amigo, do vinco das calças. Porque quando queremos discutir e verberar, tudo serve.